Plutão

Plutão

Representação da órbita de Neptuno e Plutão.
Representação da órbita de Neptuno e Plutão.


Plutão foi descoberto em 1930. É o planeta mais pequeno do sistema solar e o que tem a órbita de maior excentricidade, tão excêntrica que, periodicamente, se encontra mais próximo do Sol do que Neptuno, figura da direita. Demora 248.60 anos a completar uma volta ao Sol, e o plano da sua órbita faz um ângulo invulgarmente grande, de 17º, com o plano da eclíptica.

Pouco se sabe sobre Plutão uma vez que, para além de ser o planeta mais pequeno do sistema solar (é mesmo mais pequeno que a Lua) e o mais longínquo, é o único que não foi visitado por nenhuma missão espacial. No entanto sabemos que tem uma densidade média de 2000 kg/m3, semelhante à de Tritão, o que nos permite inferir que a sua composição é a que esperamos nos objectos destas regiões do sistema solar: uma mistura de rocha e gelos. O espectro do planeta revela a presença de metano, monóxido de carbono e azoto. Em 1978 foi descoberta uma lua de Plutão à qual se deu o nome de Caronte. Os dois formam um sistema único no sistema solar uma vez que são quase do mesmo tamanho (O diâmetro de Caronte é de 1200 km). Esta particularidade torna evidente o comportamento de dois corpos em interacção gravítica: em vez de ser Caronte que orbita em volta de Plutão, os dois corpos orbitam em torno de um centro de massa comum.

Plutão e Charon, fotografia tirada pelo Hubble.
Plutão e Charon, fotografia tirada pelo Hubble.

Haverá mais planetas para lá de Plutão? Nos últimos anos os astrónomos têm identificado perto e para lá da órbita de Plutão outros corpos na órbita do Sol constituídos pelos mesmos materiais que encontramos em Plutão e Tritão: rochas e gelos. Estes corpos fazem parte daquilo a que agora chamamos Anel de Kuiper ou Cintura de Kuiper: uma zona que começa para lá de Neptuno e vai até às 50 U.A., povoada por estes pequenos corpos (restos da formação do sistema solar), e origem de alguns cometas. Em 2003 foi descoberto o UB313, um corpo do Anel de Kuiper 3 vezes mais longe do Sol do que Plutão, nas fronteiras do sistema solar perto da Nuvem do Oort. Ao que tudo indica, é maior do que Plutão, o que tornou mais acesa uma discussão que se vinha fazendo há alguns anos: Devemos considerar todos os objectos que se descobrem no Anel de Kuiper como planetas? Ou esse estatuto acaba em Plutão? Mas o que tem Plutão de especial além do estatuto histórico? Dada a polémica, o comité da união astronómica internacional vem tentando arranjar uma definição objectiva de planeta, o que se tem revelado difícil: Além do facto de que tem que orbitar o Sol podemos falar em tamanho mínimo para um planeta? Por exemplo 1000 km? Esta definição obrigar-nos-ia a incluir mais alguns corpos do Anel de Kuiper. E se impusermos que este seja suficientemente grande para ter uma forma esférica, resultado da sua acção gravitacional sobre si próprio? Nesse caso teríamos que incluir Ceres, o maior objecto da cintura de asteróides, na lista de planetas! Parece não haver volta a dar-lhe, ao que tudo indica, ou retiramos o estatuto de planeta a Plutão ou seremos obrigados a admitir novos sócios no clube dos planetas do sistema solar.

No Verão de 2006, a União Astronómica Internacional (IAU) decidiu pela primeira destas alternativas. Foi aprovada uma definição de planeta que assenta em três pontos:

Um planeta é um objecto celeste que:

  1. Orbita à volta do Sol.
  2. Tem uma massa suficientemente grande para que, devido à sua própria gravidade, tenha assumido uma forma aproximadamente esférica.
  3. Tenha limpado uma vizinhança da sua órbita de outros objectos.

Tanto Plutão como Ceres, ou ainda os outros objectos da cintura de Kuiper de forma esférica, falham a terceira condição. Foi então definida uma nova classe de objectos, denominados "planeta anões", que satisfazem as duas primeiras condições mas não a terceira, e que não são satélites. Para além daqueles corpos, esta classe incluirá também outros objectos trans-neptunianos, quer já descobertos quer ainda por descobrir.

Em Fevereiro de 2006, a Nasa lançou a primeira missão, New horizons, que irá passar próximo de Plutão e estudar a cintura de Kuiper. Em 14 de Julho de 2015, a missão estará à sua distância mais curta de Plutão. Esperamos então que nos revele novos segredos sobre o planeta longínquo.

 

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